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“Antigamente todos os contos para crianças terminavam com a mesma frase, e foram felizes para sempre, isto depois de o Príncipe casar com a Princesa e de terem muitos filhos. Na vida, é claro, nenhum enredo remata assim. As Princesas casam com os guarda-costas, casam com os trapezistas, a vida continua, e os dois são infelizes até que se separam. Anos mais tarde, como todos nós, morrem. Só somos felizes, verdadeiramente felizes, quando é para sempre, mas só as crianças habitam esse tempo no qual todas as coisas duram para sempre. Eu fui feliz para sempre na minha infância, lá na Gabela, durante as férias grandes, enquanto tentava construir uma cabana nos troncos de uma acácia. Fui feliz para sempre nas margens de um riacho, uma corrente de água tão humilde que dispensava o luxo de um nome, embora orgulhoso o suficiente para que o achássemos mais do que simples riacho – era o Rio. Corria entre lavras de milho e mandioca, e íamos para lá caçar girinos, passear improvisados barcos a vapor, e também, à tardinha, espreitar as lavadeiras a tomar banho. Fui feliz com o meu cão, o Cabiri, fomos os dois felizes para sempre, perseguindo rolas e coelhos através das tardes longas, jogando às escondidas em meio ao capim alto. Fui feliz no convés do Príncipe Perfeito, numa viagem eterna entre Luanda e Lisboa, lançando ao mar garrafas com mensagens ingênuas. A quem encontrar esta garrafa agradeço que me escreva. Nunca ninguém me escreveu.”


José Eduardo Agualusa - @agualusa, em “O Vendedor de Passados”.


Às crianças de nossas vidas;

À criança eterna que nos habita;

Que este dia 12 seja feliz para sempre.



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"A parte doente não pode ser simplesmente eliminada, como se fosse um corpo estranho, sem risco de destruir ao mesmo tempo algo de especial que deveria continuar vivo. Nossa tarefa não é destruir, mas cercar de cuidados e alimentar o broto que quer crescer até tornar-se finalmente capaz de desenvolver o seu papel dentro da totalidade da alma."


Carl Gustav Jung

(Jung, 2011, v. 16/2, par. 293)


Neste dia dos psicólogos e das psicólogas, minha homenagem e reconhecimento aos colegas que fazem desta profissão um delicado cultivo, irrigado com ética, cuidado e afeto.


Feliz 27 de agosto!


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Para iluminar este dia especial, um excerto de "O filho de mil homens", de Valter Hugo Mãe.


Feliz dia aos pais que não limitam seu amor nem suas formas de exercer a paternidade.


Um abraço especial:

Para as filhos e os filhos que perderam seus pais;

Para as filhas e os filhos de pais que nunca se fizeram presentes;

Ou que marcaram sua presença com violência, abuso ou negligência;

Para os pais que perderam seus filhos;

Para os homens que, por um motivo ou outro, nunca puderam realizar o sonho de se tornarem pais;

Para os que aguardam, com esperança e angústia, esse sonho se materializar em uma fila de adoção.


Nesse dia, parece não haver lugar para a dor que você sente, mas ela existe, é legítima e merece ser amparada.


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