“O jeito, no momento, é ver a banda passar, cantando coisas de amor. Pois de amor andamos todos precisados, em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força, capacidade de entender, perdoar, ir para a frente. Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando.”
Carlos Drummond de Andrade, Correio da Manhã, 14/10/1966, disponível em http://www.chicobuarque.com.br/letras/notas/n_drummond.htm
Drummond escreveu esta crônica em 1966, arrebatado pela música “A Banda”, de Chico Buarque.
Em 1966, como hoje, o Brasil vivia tempos difíceis.
Em 1966, como hoje, o poeta viu no amor a vacina contra o absurdo.
Em 1966, hoje e sempre, necessitamos de amor para acolher nossos medos, chorar nossas perdas, dar vazão a nossa indignação, nutrir nossa esperança, encontrar sentido, encorajar-nos a seguir.
“Coisas de amor são finezas que se oferecem a qualquer um que saiba cultivá-las, distribuí-las, começando por querer que elas floresçam”, completa o poeta.
Contra a aridez deste tempo, as canções de Chico, as palavras de Drummond nos lembram do que é essencial: semear e cultivar amor.
E, se tudo começa por querer, este texto já é uma semente do meu desejo de que o amor floresça em mim e em você.
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